Um governo matricial
Um governo matricial: estruturas em rede para geração de resultados de desenvolvimento1 Caio Marini & Humberto Martins “Gerir é tomar providências para que ocorram os resultados desejados”. (Peter F. Drucker) O propósito deste trabalho é propor um modelo de gestão governamental que se baseia no estabelecimento de estruturas em rede para implementação de programas voltados ao desenvolvimento. Dessa forma, a denominação matricial foi proposta em sentido estrito, uma vez que os elementos deste modelo (metas de desenvolvimento, programas, organizações e recursos alocados) constituem dimensões que se relacionam em diversos pontos, conformando uma matriz multidimensional. Não se trata de prescrever a implantação de estruturas organizacionais matriciais (que combinam dois ou mais critérios de departamentalização) na organização governamental. Trata-se de se sobrepor à estrutura governamental (predominantemente) mecanicista, estruturas em rede com feições orgânicas voltadas para resultados. A concepção de governo matricial desenvolvida neste trabalho está endereçada a duas principais categorias de problemas que afetam significativa e negativamente a capacidade estatal em alcançar resultados de desenvolvimento: a (baixa) implementação e a fragmentação. No que se refere à implementação, a ênfase da literatura e da prática em gestão pública tem recaído sobre a formulação estratégica, como forma objetiva de lidar com as incertezas e complexidades de novos contextos de atuação das organizações. Entretanto, a formulação de um plano estratégico não assegura a sua implementação. A implementação tem sido uma uma categoria sobre a qual atribui-se crescente perda de controle, basicamente devido a estratégias e manobras de postergação, barganha e persuasão características do “jogo da implementação” (Bardach, 1977; Pressman & Wildawski, 1973); ou dimensão