TRATAMENTO POSSÍVEL DAS PSICOSES

A segunda tópica freudiana propõe que o ego seria uma instância reguladora entre o id, o superego e a realidade externa; Lacan faz sua entrada no meio psicanalítico propondo idéias completamente diferentes, segundo as quais o eu construiria-se à imagem do seu semelhante e da imagem que lhe é devolvida pelo espelho. Neste sentido, é o olhar do outro que devolve ao bebê a imagem do que ele é e a mãe torna-se a matriz das futuras identificações. Antes do estádio do espelho o bebê não se vê como um corpo unificado, e sim como um corpo fragmentado, em que o seio faz parte dele e ele (falo) faz parte da mãe. O “sujeito”, que define a alienação constitutiva do ser, no encontro com o espelho, verifica o “rapto” que esse outro opera nele. É no espelho que a criança vê seu corpo unificado, deixando de ser fragmentado. No espelho a criança vê que ele existe e não é o Outro (mãe), existindo duas pessoas distintas. Neste momento identifica a “falta”, a separação da mãe e a constituição do “sujeito faltante”.
Lacan apresenta o bebê como um ser em estado de desamparo, sendo que este ser buscará uma solução para este estado através de uma precipitação, com a qual antecipará o amadurecimento de seu corpo, projetando-se na imagem da figura materna. Essa precipitação na imagem da figura materna leva o bebê a sair de um estado de prematuração para um estado de alienação, alienação esta necessária para que o bebê se constitua um sujeito.
Porém, é só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e que ela não é completa. Esta perda se dá através da inserção do “Significante Nome do Pai” que se faz presente através das leis e limitações da vida cotidiana, como o trabalho, a individualidade e as outras necessidades que a mãe precisa ter atendidas e que o bebê percebe que ele não consegue atender por completo.
O bebê vem ao mundo para suprir uma falta, uma falta na mãe, que o desejou, engravidou, lhe deu um nome, enfim,