Transtorno de Personalidade Borderline: uma perspectiva simbólica
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
BORDERLINE: UMA PERSPECTIVA SIMBÓLICA
2003
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INTRODUÇÃO
A necessidade de realização de uma monografia como parte dos requisitos para obtenção do título de membro da Sociedade
Brasileira de Psicologia Analítica apresentou-se para mim como oportunidade para aprofundar uma reflexão e sistematizar uma experiência anterior com o tema do Transtorno de Personalidade
Borderline.
A escolha do tema ocorreu como conseqüência natural da minha trajetória profissional, que teve início com a graduação em
Medicina. Já então, desde as primeiras vivências no contato com os pacientes, me chamavam muito a atenção não só os aspectos objetivos das patologias e dos tratamentos, mas a experiência psicológica subjetiva do adoecer, que pouco a pouco observava.
Posteriormente, ao cursar a residência em Psiquiatria, em paralelo ao estudo dos aspectos mais biológicos das patologias, suas implicações e tratamentos, passei a me aprofundar mais quanto aos aspectos psicodinâmicos envolvidos nas diversas situações.
Faz parte da nossa tradição psiquiátrica/psicológica uma cisão entre os dois campos de estudo, biológico e psicológico. Esta divisão, que só tem sentido se pensada enquanto recurso didático, de linhas de trabalho e particularizações do conhecimento, sempre me incomodou, por se apresentar muitas vezes de maneira polarizada, oposta e não complementar.
Do meu ponto de vista só podemos pensar esta dicotomia enquanto par de opostos complementares, que originam uma interface criativa infelizmente pouco conhecida, e sobre a qual não
2 encontramos muito na literatura, em especial no que se refere aos aspectos relativos
aos
fenômenos
psíquicos
resultantes
desta
interpenetração.
Esta interface, como disse anteriormente, me interessou de modo específico desde o início da minha atividade profissional.
Como residente de psiquiatria, e desde então, vivi o boom da
psiquiatria