carta de atenas
Os anos 1930: as Cartas de Atenas e a contraposição entre conservação e inovação
Arquitetura, invenção e memória
“Na
verdade,
os
ambientes
construídos
pelos
homens
guardam, através da sua materialidade, a memória tanto das idéias referentes ao grupo social, como do sistema de representações ao nível do indivíduo. Em outros termos é através da matéria, nas suas diversas formas, que os indivíduos, pertencentes a grupos sociais, expressam sua visão de mundo, suas expectativas, sentimentos e experiências. É na materialização, e através dela, que as idéias se concretizam, colocando o indivíduo frente a seu tempo histórico, ou melhor, é através da representação que o indivíduo comunica socialmente.” 1
Um dos objetivos centrais da ação conservacionista é garantir a compreensão da memória social impregnada na materialidade das coisas produzidas pelos homens e a um só tempo afirmar a noção de identidade e pertencimento dos indivíduos, através da preservação daquilo que for considerado significativo dentro do vasto repertório de elementos componentes do patrimônio cultural.
Os temas „memória‟ e „patrimônio cultural‟ relacionados entre si configuram uma consciência coletiva de apropriação do passado pelo presente e necessariamente uma perspectiva de transmissão ao futuro, garantida pela idéia de preservação.
Como observa Cesare Brandi (1906-1988)2, em seu livro Teoria da restauração, o indivíduo que “frui da revelação” do bem cultural de interesse patrimonial impõe a si próprio o imperativo categórico da conservação, que se desdobra em diferentes ações, que vão desde o simples respeito, até a intervenção mais radical, o restauro. O
1
MILET, Vera. A teimosia das pedras. Olinda: Prefeitura de Olinda, 1988, p. 14.
Crítico de arte e teórico da restauração, foi diretor do Istituto Centrale del Restauro di Roma entre os anos de 1939 e 1961, professor de História da Arte da
Universidade de Palermo e da Universidade