Transposição Didática
“Um conteúdo de saber que tenha sido definido como saber a ensinar, sofre, a partir de então, um conjunto de transformações adaptativas que irão torná-lo apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O ‘trabalho’ que faz de um objeto de saber a ensinar, um objeto de ensino, é chamado de transposição didática.” (Chevallard, 1991, p.39)
Assim como Bernstein concebeu o conceito de recontextualização discursiva inserido em um modelo teórico mais amplo de análise das relações pedagógicas, o conceito de transposição didática faz parte também de um modelo teórico proposto para análise do sistema didático. Yves Chevallard é um didata francês do campo do ensino das matemáticas, que leciona atualmente no Institut Universitaire de Formation des Maîtres de l’Académie d’Aix-Marseille, onde coordena também a pesquisa na área da formação docente em matemática. No Brasil, seu trabalho conta com algumas apropriações, tanto críticas, quanto favoráveis, não representando, contudo, referencial teórico marcante para a pesquisa educacional brasileira atual.
Sua publicação mais difundida no Brasil é a tradução para o espanhol e o original em francês do livro La Transposition Didactique, uma versão ampliada da primeira edição francesa de 1985. Essa primeira versão reunia notas para um curso de verão ministrado em 1980 – que aparecem na edição de 1991 – e o texto Por que a transposição didática? originalmente uma comunicação apresentada no Seminário de Didática e Pedagogia das Matemáticas da Universidade Científica e Médica de Grenoble, onde responde às críticas suscitadas pelas formulações apresentadas no curso de verão acima referido e difundidas também em encontros acadêmicos e publicações diversas. Na segunda edição de 1991, Chevallard atualiza esse texto e acrescenta um estudo de caso, desenvolvido em parceria com Marie-Alberte Joshua, intitulado Um exemplo de análise de transposição didática, onde a trajetória da noção