transexualismo
(in Reverso, Revista do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais, ano XXV, 50, 37-49, 2003)
Desde 1952, data em que ocorreu na Dinamarca a primeira cirurgia, oficialmente comunicada, de transexualização, o fenômeno transexual vem tomado uma certa envergadura: tanto na Europa, quanto nos EE.UU. os transexuais têm, aos poucos, sido ouvidos em suas reivindicações. Em alguns países europeus. as despesas médicas da cirurgia de redesignação sexual correm por conta do governo; os transexuais ocupam diversas posições na sociedade; participam de programas na televisão do tipo "Esta é a sua vida"; são entrevistados, publicam suas bibliografias, obtém a mudança de Estado Civil. Tudo isto reflete um esboço de reconhecimento social deste fenômeno ainda que um tal reconhecimento coloque profundas questões éticas e jurídicas. (No Brasil, a Resolução nº 1.482/97 do CFM que autoriza "a título experimental", a "cirurgia de transgenitalização", foi anunciada em setembro de 1997.) Entretanto, o sentimento que do transexual quando a ser do outro sexo é, seguramente, tão antiga quanto a sexualidade humana. (1). Relatos da mitologia greco-romana, de inúmeras fontes literárias e antropológicas, fontes literárias e antropológicas, descrevem de personagens que se vestiam, regularmente ou definitivamente, como membros do outro sexo, dizendo sentirem-se como do outro sexo. Isto mostra que aquilo que hoje conhecemos e designamos sob o termo de "transexualismo" não é próprio nem a nossa época e nem de nossa cultura: o que é recente é a possibilidade de "mudar de sexo" graças às novas técnicas cirúrgicas e a hormonoterapia. Seria um grave erro acreditar que a etiologia da inadequação entre corpo anatômico e sentimento identidade sexuada seja a mesma para todos aqueles que se dizem transexuais: a aparente semelhança entre os discursos manifestos pode camuflar uma grande diversidade de discursos latentes e recalcados. Assim, falar do "transexual