Transdiciplinaridade
Somente depois do surgimento do universo multidisciplinar pode-se imaginar a utilização de termos derivados da palavra disciplina. Historicamente o ser humano, enquanto elo da natureza biofísica, comportou-se e entendeu o meio de forma transdisciplinar, de tal sorte que essa é a forma originária de situar-se no cosmos desde as primeiras teorizações de que se tem conhecimento. (vide Anaxágoras, por exemplo). A modernidade europeia consolidou uma forma disciplinar, separadora, fragmentária, de pensar a realidade, que se reforçou com o desenvolvimento das ciências modernas, principalmente com o impulso do cartesianismo, especialmente com a segunda regra do método: análise, isto é, ir por partes, desmembrar, cortar em pedacinhos. A atitude analítica teve como consequência a fragmentação da realidade e sua descontextualização histórica, como consequência de alguns componentes importantes da Filosofia de Descartes (1596-1650).
Ele elaborou os ingredientes indispensáveis para a consolidação do pensamento científico da modernidade europeia através do seu (1) O dualismo metafísico de dessacralização da natureza, (2) da visão mecanicista (máquina analógica) e do método analítico, (3) bem como pela adoção da matemática como linguagem para a descrição do real. A esses ingredientes junta-se o espírito prático produtivo dos intelectuais britânicos (Francis Bacon) para completar o que é necessário à civilização que se caracteriza pela teoria epistemológica da representação e pelo domínio tecnológico (prático) do ser humano sobre a natureza.
Desde a modernidade a identidade do ser humano passa necessariamente pela atividade profissional e a expectativa com relação aos jovens é essencialmente relacionada à profissão. Prova disso são as “semanas” do biólogo, do agrônomo, etc., organizadas a cada ano letivo nas Universidades, bem como o dia de cada profissão. Mas não existe a “semana” do diálogo entre as profissionais, a “semana” do ser humano, no