Trabalhos direito.
A filosofia consiste, mas não somente, em uma indagação acerca dos pressupostos implícitos em nossas crenças avaliando o nosso cotidiano. Tomemos um exemplo simples: “uma pergunta como que horas são?” Ela trás consigo múltiplas indagações e, assim sendo, trás várias crenças não questionadas por nós. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na verdade, na mentira. Ou seja, temos aceitações tácitas da nossa vida cotidiana.
Por outro lado, caso a pergunta fosse o que é o tempo? Seria considerada estranha, uma vez que esse indivíduo passaria indagar sobre as nossas crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência. Portanto, o mesmo estaria adotando o que chamamos de atitude filosófica, caracterizada por duas atitudes, uma chamada negativa, isto é, dizer não ao mundo, e outra chamada positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, ideias, que incide nessa indagação acerca de si e de outras coisas. E o que é Filosofia? Poderia ser: a decisão do não aceitamento tácito das coisas, pensamentos, fatos, comportamentos, valores, sem argumentá-los e sem justificá-los, ou seja, jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.
A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos pré-conceitos do senso comum e, deste modo, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber. Mas, afinal, para que Filosofia? Ora, essa pergunta tem a sua razão de ser. Na nossa cultura, estamos acostumados a considerar que algo só tem a sua relevância se tiver alguma finalidade beneficente, prática, visível e de utilidade imediata. Não, perguntamos, por exemplo, “para que nos serve a História?”. Parece que o senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem: verdade, pensamento, procedimentos especiais para que