Trabalho em Saúde
NOGUEIRA, Roberto Passos. O Trabalho em Saúde. In: Desenvolvimento Gerencial de Unidades Básicas de Saúder do Distrito Sanitário – Projeto GERUS, Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, Brasília, 2004. (325 p.)2
Temos que considerar três aspectos fundamentais quando se fala de processo de trabalho em saúde.
Em primeiro lugar, que ele é um exemplo de processso de trabalho em geral e, portanto, compartilha características comuns com outros processos que se dão na indústria e outros setores da economia.
Segundo, que ele é um serviço – toda assistência à saúde é um serviço e temos que pensar, então, o que é um serviço.
Terceiro, que é um serviço que se funda numa interrelação pesssoal muito intensa. Há muitas formas de serviços que dependem de um laço interpessoal, mas no caso da saúde ele é particularmente forte e decisivo para a própria eficácia do ato.
Essas três dimensões são intercomplementárias e interatuantes. De um lado, tem-se um processo de trabalho, com sua direcionalidade técnica, envolvendo instrumentos e força de trabalho, e que é suceptível de uma análise macro-econômica geral, na forma efetuada por Marx em O capital. Ali encontramos reflexões para pensar igualmente o processo de trabalho em saúde, inclusive suas questões complexas de composição econômica e técnica do capital, bem como da dinâmica das trocas que tem também uma correspondência no setor saúde.
Mas há uma outra dimensão que é a do serviço: ora, a assistência à saúde não é um processo de trabalho igual ao da indústria, tem uma especificidade na medida que é um serviço. Esta palavra tem por trás de si uma tradição perjorativa: serviço que vem de “servo”. Por outro lado, a economia clássica praticamente não se preocupou com a análise teórica do que seja serviço, porque dentro da dinâmica da acumulação capitalista no século dezenove esse não era um setor decisivo. Mas ele o é hoje, e sem dúvida alguma, é o que marca a própria