TRABALHO CONSTITUI O DE 1937
Forma e conteúdo dos movimentos sociais no século XX
As duas primeiras décadas do século XX
O início do século XX marcou a concentração dos movimentos sociais nas áreas urbanas que haviam se desenvolvido na região centro-sul, com o avanço econômico desencadeado pela economia do café. Nas duas primeiras décadas do século XX, pode-se observar a curiosa coexistência de formas e conteúdos dos movimentos sociais característicos do período anterior junto às novas formas de articulação de demandas. Se o escravo era central no cenário sociopolítico do século XIX, no início do século XX serão os trabalhadores imigrantes que adquirirão centralidade. Estes darão transparência ao paradoxo das políticas de imigração, que, ao priorizarem a introdução dos europeus nos setores dinâmicos da economia – em detrimento do fomento à integração da população de ex-escravos na emergente sociedade de classes, liberta de fato para a marginalidade social –, contribuíram também para transportar a experiência de organização política da classe operária para o contexto nacional. É o caso das organizações anarco-sindicalistas introduzidas pelos trabalhadores italianos. Estas formas politizadas de organização conviveram com as associações de auxílio mútuo, de caráter marcadamente pré-político; as lutas contra a alta dos preços de gêneros alimentícios permaneceram, mas foram combinadas com as reivindicações salariais e com as demandas pela modernização das relações de trabalho (Gohn, 1995, p. 61).
O anarco-sindicalismo viveu, no entanto, seu auge e declínio nessas duas décadas iniciais do século XX. Sua resistência em aceitar toda forma de poder e de organização burocratizados impediu que a importante contribuição para a formação de uma resistência operária se sedimentasse em formas mais estáveis de organização. A partir de 1922, com a criação do Partido Comunista Brasileiro, encabeçada por Astrogildo Pereira, a organização política da classe trabalhadora passou a se estruturar sob