Toyota
Fonte: EXAME, disponível em: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0892/negocios/m0128084.html
O sucesso estrondoso da montadora japonesa Toyota, nova líder mundial de um setor cuja história se confunde com a do próprio capitalismo, serve para embaralhar tais convicções – e para lembrar que não há, afinal, um único modelo de corporação moderna. A Toyota faz quase o oposto de tudo que se preconizou como elementos indispensáveis aos novos tempos. Em vez de premiar o talento dos mais iluminados, prefere recompensar o trabalho em equipe. No lugar de decisões ágeis, um tedioso processo consensual. Tudo é planejado nos mínimos detalhes, mesmo à custa de tempo e dinheiro. “A lenta – mas coerente – tartaruga causa menos perda e é muito mais desejável do que a lebre veloz”, escreveu o engenheiro Taiichi Ohno, o lendário inventor do chamado “modelo Toyota de produção”. Olhada por dentro, fica claro que nada é mais forte na Toyota do que sua cultura. Tudo mais – a produção enxuta, a logística superafiada, os carros que fazem sucesso com o consumidor – é apenas reflexo do jeito Toyota de pensar e agir. Qualquer um dos 296.000 funcionários sabe exatamente quais os princípios e os valores da empresa. Como seguidores de uma doutrina, eles parecem acreditar em cada palavra que dizem. Da lista de “preceitos” da montadora constam recomendações como; “seja gentil e generoso, lute para criar uma atmosfera calorosa e caseira”. Enquanto em boa parte das empresas o principal motor do crescimento é o reconhecimento do sucesso individual – que se manifesta no pagamento de bônus atrelados ao cumprimento de metas, em programas de opções de ações e na ascensão meteórica na carreira –, na Toyota o que move os funcionários é a certeza de que é possível fazer mais e melhor a cada dia, o chamado kaizen. Todos os empregados devem ser eternos insatisfeitos, buscando obsessivamente a qualidade – uma lógica que se aplica do operário ao presidente e que privilegia o