Totem e tabu
O sistema totêmico pode ser interpretado do ponto de vista tanto religioso quanto social; falar-se-á de seu caráter religioso, na medida em que comparecem relações de respeito mútuo entre o primitivo e seu totem e, de seu estatuto social, nas obrigações recíprocas que permeiam tanto os membros de um clã quanto das tribos entre si.
No que tange à natureza religiosa, pode-se dizer que Freud procura nos chamar a atenção para o tabu, ligado ao totem, manifesto nas proibições que seus descendentes se impunham a fim de protegê-lo. É por isso que não se podia matar, comer ou caçar o animal do totem e, dependendo da tribo, inclusive, tocá-lo, olhá-lo ou chamá-lo por seu verdadeiro nome, sob pena de punições por meio da morte ou da doença. O benefício que fazia valer as restrições residia, pois, na esperança de serem protegidos por ele.
Do ponto de vista social, o que se destaca não é somente a quantidade e o rigor das proibições, mas também, o fato das restrições se relacionarem com o interdito das relações endogámicas, gerando, consequentemente, a fobia do incesto.
Freud, intrigado com as questões levantadas pelo totemismo, procura através dos seus estudos compreender melhor as necessidades psíquicas que ele expressava, bem como as condições que proporcionaram o seu desenvolvimento. Após se debruçar sobre todas as teóricas conhecidas em sua época – nominalistas, sociológicas e psicológicas – o autor chega a conclusão de que existiam até aquele momento, duas concepções distintas:
Desse modo, encontramos dois pontos de vista opostos: um que procura manter a pressuposição original de que a exogamia constitui parte inerente do sistema totêmico e outro que nega existir tal vinculação, sustentando que a convergência entre esses dois