Totem e Tabu

GIOVANNA AMANDA PRESA

TOTEM E TABU

Trabalho apresentado no curso de graduação da Universidade Federal do Paraná, para obtenção de nota integral na disciplina Ética da Psicanálise.
Professor: Mauricio Descragnolle.

CURITIBA
2011
“Was du ererbt von deinen Vatern hast,
Erwib es, um es zu besitzen”.

Aquilo que herdaste de teus pais,
Conquista-o para faze-lo teu.
(Goethe, Fausto, Parte I, Cena I, apud Freud, 1913/1996, p. 160)

1 Introdução O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise do texto Totem e Tabu (1913), conferindo ênfase à discussão acerca da gênese da moralidade e, mais especificamente, à relação estabelecida entre Lei e desejo. Estruturado em quatro partes, que seguem a divisão do texto freudiano, procurou-se articular a leitura do original, a obra de uma comentadora e as anotações feitas durante as aulas da disciplina “Ética da Psicanálise”, ministrada no curso de Psicologia da Universidade Federal do Paraná.

I - HORROR AO INCESTO

Freud, ao iniciar seu texto, no primeiro ensaio, discorre sobre os pontos de concordância existentes entre a psicologia das sociedades primitivas, objeto de estudo da antropologia social, e a psicologia dos neuróticos, revelada pela psicanálise. O que o autor afirma é que horror e desejo de incesto são duas faces de uma mesma moeda, e estão presentes em todas as sociedades, tanto nas mais antigas quanto nas modernas. Ao levantar apontamentos sobre a organização da população dos aborígenes, o autor evidencia a existência de um sistema totêmico, que estrutura e fundamenta as relações entre os membros desta tribo. Isentos de uma Instituição religiosa ou social, porém operando sobre outra a lógica, a do totemismo, os integrantes desta sociedade se subdividem em grupos menores, denominados clãs, que, por sua vez, são organizados mediante o seu totem. O totem se aplica à espécie de seres ou de coisas que todos os membros de um clã julgam sagrados,