Totem e Tabu
Em 2013 comemorou-se 100 anos da publicação de Totem e Tabu, uma das produções consideradas por Freud como uma das principais de sua obra.
Por meio deste trabalho, Freud realiza uma contribuição à antropologia social, buscando analisar a gênese dos totens – símbolo sagrado e respeitado – e dos tabus – proibições de origem incerta, que controlam a liberdade individual e coletiva de uma sociedade e são intocáveis.
O artigo relata a “comunidade primeva”, que seria a primeira comunidade de homens que acaba sendo acometida pelo parricídio, portanto, os filhos do pai opressor, desta comunidade, acabam por aniquilá-lo. A morte da figura paterna acaba gerando o sentimento de culpa na humanidade, que é uma herança da espécie, e a tentativa de restauração deste pai, originalmente tirânico, em um pai simbólico, que dita leis por meio de mandamentos e regras sociais.
O horror ao incesto
Neste capítulo de totem e tabu Freud (2012) procura fazer uma comparação entre a psicologia dos povos primitivos e a psicologia dos neuróticos.
Utilizam como ilustração tribos selvagens de aborígenes australianos, descritas por antropólogos, descrevendo um modo de vida atrasado e miserável. Com base nestes aspectos, supunha que a vida sexual destas tribos não sofreria por nenhuma restrição moral. Surpreende-se ao constatar a tentativa de evitarem, ao máximo, práticas incestuosas.
Estas tribos eram encontradas em grupos menores – os clãs – e cada qual era denominado por seu totem, definido por Freud (2012) como: “um animal (comível e inofensivo, ou perigoso e temido) e mais raramente um vegetal ou um fenômeno natural (como a chuva ou a água), que mantém relação peculiar com todo o clã” (p.22). Pode também ser considerado um antepassado comum, um espírito guardião que reconhece e poupa seus filhos, portanto, para o clã o totem deveria ser respeitado e praticamente intocável, devendo vir acima das relações familiares e consanguíneas (Frazer, 1910 apud Freud, 2012).