Tiradentes - Um Herói Para a República
A FORMAÇÃO DAS ALMAS
Tiradentes: Um Herói Para a República.
A Luta em torno do mito de origem da República mostrou a dificuldade de construir um herói para o novo regime. No caso brasileiro, foi grande o esforço de transformação dos principais participantes do 15 de novembro em heróis do regime.
Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referência, fulcros de identificação coletiva. São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação de regimes políticos. Herói que se preze tem de ser, de algum modo, a cara da nação. Tem de responder alguma necessidade de aspiração coletiva, refletir algum tipo de personalidade ou comportamento que corresponda a um modelo coletivamente valorizado.
A execução de Tiradentes foi demasiada severa, a população ficou chocada, entre eles a opinião era de que a pena imposta aos inconfidentes fora excessiva e injusta.
Embora fosse viva na memória popular, a Inconfidência era tema delicado para a elite culta do Segundo Reinado. Afinal, o proclamador da independência era o neto de d. Maria I, contra quem se tinham rebelado os inconfidentes.
A Inconfidência foi a primeira manifestação de princípios e práticas revolucionárias no Brasil.
Tiradentes já aparecia na sentença da alçada com as cores próprias de um heróis cívico. É o martir que soube morrer sem traço de temor, pois “se sacrificava por uma ideia”, interpretação típica de um revolucionário francês.
O primeiro conflito político em torno da figura de tiradentes ocorreu em 1862, por ocasião da inauguração da estátua de d. Pedro I no então largo do Rocio, ou praça da Constituição, hoje praça Tiradentes. A ocasião e o local eram a própria materialização do conflito. No lugar onde fora enforcado Tiradentes, o governo erguia uma estátua ao neto da rainha que o condenara à morte infame. Teófilo Otoni, o liberal mineiro líder da revolta de 1842, chamou a estátua de