Memória de Tiradentes

708 palavras 3 páginas
Memória de Tiradentes

No livro “A Formação das Almas – O Imáginário da República no Brasil”, o autor, José Murilo de Carvalho, explica a construção da memória de Tiradentes no terceiro capítulo: “Tiradentes: Um Herói para a República”. Ele discute em torno de Tiradentes, a dificuldade da república em criar um herói símbolo da nação. Essa dificuldade se dava, porque um mito não poderia ser criado, sem fundamento com o que estava sendo proposto. Todo regime precisa de seus heróis, e se não existe um envolvimento real do povo na implantação do regime, é necessária uma compensação, por meio de mobilização simbólica.
Mas se o herói era republicano, por que não eleger aqueles que fizeram parte do movimento da Proclamação? Primeiramente, os envolvidos foram uma pequena parcela da população, a maioria simplesmente assistiu ao que estava acontecendo. Em segundo, Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant e Floriano Peixoto eram figuras que sofriam lacunas no quesito herói, pois não tinham espírito de líder, ou não tinham aparência física e comportamento carismático. O primeiro conflito político envolvendo a memória de Tiradentes ocorreu em 1862. Nesta data o governo queria inaugurar no local onde fora enforcado Tiradentes, uma estátua de D. Pedro I, que o condenara à morte. Na ocasião houve manifestação dos liberais com a publicação de um folheto dizendo que Tiradentes foi o primeiro mártir que morreu pela pátria e que foi responsável por levar o povo brasileiro à “salvação”.
Outro episódio que contribuiu para a construção da imagem de Tiradentes foi o que se sucedeu à publicação da obra de Joaquim Norberto de Souza Silva, História da Conjuração Mineira. Norberto teve acesso a documentos nunca antes estudados sobre a Inconfidência e apontou Tiradentes como figura secundária no movimento. Essa revelação inquietou as pessoas, principalmente os republicanos que chamaram Norberto de monarquista convicto.
A partir da publicação de Norberto, intensificaram-se as alusões de

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