Teoria dos jogos
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Jogos de tabuleiro, dados, cartas ou, em geral, jogos de salão divertem a humanidade desde a formação das primeiras civilizações. Escavações feitas em sítios arqueológicos localizados na região do Oriente Médio conhecida como Mesopotâmia encontraram em túmulos de nobres e membros da família real da antiga cidade de Ur, importante centro da civilização sumeriana, por volta de 3000 a.C., um jogo de tabuleiro que passou a ser conhecido como Jogo Real de Ur - provável antecessor dos jogos da família do moderno gamão. A se acreditar nas lendas indianas, a atividade lúdica, além de entreter seus praticantes, também serviria como simulação alegórica de batalhas ou deliberações que as pessoas têm de fazer ao longo de sua vida cotidiana - o xadrez e o já mencionado gamão seriam exemplos disto. Por colocar as pessoas em situações nas quais vencer ou perder dependem das escolhas feitas adequadamente logo no início das partidas, os jogos se mostraram como excelente ferramenta para o desenvolvimento da personalidade e da inteligência das crianças.
Entretanto, apesar desse aspecto pedagógico, os jogos raramente eram considerados objetos de estudo sério. Foi a curiosidade do nobre Cavaleiro de Méré e inveterado jogador, Antoine Gombaud (1607-1684), que, em 1654, incentivou o filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662) a iniciar correspondência com outro brilhante matemático francês, Pierre de Fermat (1601-1665), no intuito de solucionar com maior rapidez o problema dos pontos, num jogo de dados que fora interrompido, e cujo dinheiro das apostas teria de ser dividido justamente de acordo com as probabilidades iguais de ganho de cada jogador, caso o jogo tivesse continuado até o final. A resposta fornecida por ambos ao problema de Gombaud revelou as regras matemáticas que subjazem aos jogos de azar, desenvolvendo a teoria da probabilidade que de um modo independente, outro genial matemático e famoso trapaceiro, o italiano Girolamo Cardano (1501-1576), havia iniciado antes. Contudo,