Teoria das artes
TEORIAS DA ARTE
Sê bem vinda, ó vida! Eu vou de encontro, pela milionésima vez, à realidade da experiência, a fim de moldar, na forja da minha alma, a consciência ainda incriada de minha raça. James Joyce
A pergunta fundamental em filosofia da arte é: qual a natureza da obra de arte? Teorias da arte buscam respondê-la. Uma objeção freqüente à pretensão de construir tais teorias é que a arte é um fenômeno demasiado diversificado para que possa ser encontrada uma essência comum a todas as suas manifestações, o que equivale a dizer que não podemos encontrar condições suficientes para a sua identificação, ou seja, condições que uma vez presentes nos garantam que estamos diante de obras de arte. O que há de comum, afinal, entre o teto da capela Sixtina e a Marilyn de Andy Warhol? Muito pouco. Essa objeção toma uma forma articulada na sugestão, feita por Morris Weitz, de que o conceito de arte não pode ser definido em termos de condições suficientes por se tratar de um conceito possuidor do que Wittgenstein chamava de semelhanças de família, tal como os conceitos de jogo, número e religião(1). Tais conceitos parecem possuir uma essência comum a todas as suas aplicações, mas na realidade apresentam apenas semelhanças parciais entre uma e outra aplicação, nada possuindo de relevante que seja comum a todas as aplicações. As similaridades entre as aplicações são, em uma metáfora de Wittgenstein, como as cerdas trançadas de um mesmo fio, que apenas parecem percorrer toda a sua extensão(2). Essa objeção pode bem ter o seu ponto. Mas é importante notar que o conceito de semelhanças de família, se interpretado como exigindo apenas que os objetos de aplicação do conceito possuam semelhanças quaisquer entre si, é incoerente. Qualquer coisa é, em algum aspecto, semelhante a 1
qualquer outra coisa. Como notou Nigel Warburton, o edifício do Empire State e um alfinete são semelhantes