Teoria da crise
O texto enfatiza primordialmente estabelecer o momento da relação atualmente estabelecida entre a equipe de saúde e o usuário,entendendo este encontro como um momento extremamente significativo para o desenrolar desta mesma crise. Quando fala-se em crise, não refere-se apenas a uma experiência individual e nem a um privilégio apenas de pessoas portadoras de sofrimento psíquico,refere-se a um contexto global, a uma circunstancia pela qual, seguramente, todos nós já passamos oupassaremos um dia. Podemos dizer que no contexto em que vivemos estas situações denominadas “crise” tomam uma dimensão cada vez maior: crise do capitalismo, crise da adolescência, crise de valores, crise existencial, crise psicótica! A palavra crise está carregada de elementos que trazem um amplo sentido, o de separação, mudança, desequilíbrio transitório, compossível ocasião de crescimento. Todos estes sentidos nos conduzem a um importante paradoxo: Por que, em psiquiatria, o sentido de crise adquiriu um aspecto sempre negativo ao longo da história? Um processo prejudicial e que deve sempre ser suprimido o mais rápido possível? Da mesma forma, Foucault (2004) nos mostra em A história da loucura,como o conceito de loucura e, conseqüentemente, o conceito de crise foram, são e sempre serão, histórica e culturalmente construídos de acordo com a contingência social do contexto em que se vive; apontando que ao longo dos últimos séculos, o que hoje denominamos crise psicótica, já foi entendido como manifestação de sabedoria, de possessão demoníaca, bruxaria, de subversão da ordem social e, por fim, como doença (a partir do século XVIII). Paralelamente a isto, podemos observar que as formas de abordagem destas situações também foram sendo transformadas – exorcismo, fogueira, confinamento, tratamento moral, eletro-choque, contensão física e/ou medicamentosa, até aquilo que oferecemos atualmente como