Teoria construtivista de jean piaget
Parece-nos que no âmbito da psicologia da inteligência, as teses piagetianas são objeto de duas interpretações que têm se tornado hegemônicas.
Por um lado, encontramos aquela leitura que fez de Piaget o representante de uma psicologia monádica. Ou seja, aquela que, realizando uma interpretação, tanto naturalista quanto pré-formista do processo psicogenético, conclui que a inteligência é uma espécie de mônada leibniziana que evolui conforme um desígnio vitalista. Como sabemos, o próprio Piaget reagiu surpreso a essas interpretações maturacionistas.
Por outro, encontramos uma outra forma de ler os textos piagetianos que, ao contrário, acaba fazendo de nosso autor o representante de uma psicologia diádica. Assim, nesta perspectiva, a inteligência é pensada como umamônada biológica que possui portas e janelas e acaba evoluindo na proporção da ação solicitante do meio físico e/ou social (sic). Ao nosso ver, esta interpretação, em primeiro lugar, reifica a inteligência, pois a considera uma substância interna ao organismo; em segundo, incorre num reducionismo biológico nada piagetiano, uma vez que confunde as estruturas cognitivas com as orgânicas; em terceiro, naturaliza o" coletivo", visto que degrada a dita interação com o outro em uma estimulação comportamental e, por último, reduz o processo de construção epistêmica a uma simples atualização de possíveis cognitivos pré-formados, desconhecendo, assim, a natureza constitutiva da interação. Essa leitura define, no campo da psicologia da inteligência, uma postura kantista evolutiva, uma vez que sustenta o caráter genético de uma inteligência detentora de anterioridade não só lógica quanto, principalmente, cronológica e de nível a respeito da experiência epistêmica do sujeito (Cf. Piaget, 1972b, p.82). Por sinal, na tentativa de justificar a pertinência dessa interpretação, lembra-se que o próprio Piaget (1960) declarou-se, em certa oportunidade, partidário de um kantismo