summerhill
Aos 90 anos, a mais famosa escola democrática do mundo, segue firme na defesa das aulas não obrigatórias e das decisões coletivas
Rodrigo Ratier (rodrigo.ratier@fvc.org.br), de Suffolk, Inglaterra
Boa parte das lições não envolve conteúdos curriculares, mas a difícil arte da convivência. O espaço privilegiado para a tarefa são as assembleias, que ocorrem duas vezes por semana e têm dois momentos distintos. O primeiro é a exposição de conflitos: queixas de sujeira, reclamações sobre salas desarrumadas e, ocasionalmente, episódios de bullying (punidos com um conjunto de medidas, que inclui ficar no fim de todas as filas e não poder usar TV e computador). O segundo é a criação (ou revogação) de regras que ordenam a escola. Elas são mais de 150 e tratam, como todas as leis, sobre os limites da liberdade - o que em Summerhill significa o direito de fazer o que quiser, contanto que se preserve o espaço do outro. Como exemplifica o fichário de normas, disponível em vários ambientes da escola: "Você pode andar sem roupas, pintar o cabelo e nunca ir às aulas porque isso é só da sua conta. Mas você não pode ouvir música alta às 3 da manhã, fazer xixi na sala ou andar de skate no corredor porque afeta outras pessoas". Para Andresa, a estratégia de estabelecer regras coletivamente tira um peso enorme dos ombros dos adultos. "Não tenho de ficar controlando tudo o tempo inteiro. Essa responsabilidade é de todos."
Há 90 anos fiel aos princípios de seu fundador, a escola acabou sendo ultrapassada por importantes avanços da Pedagogia. "As pesquisas na área de cognição mostram que a maneira como se ensina é, sim, fundamental na mobilização para o aprendizado", diz Helena. A ideia de internato também vai na contramão das tendências que apontam o diálogo com os pais e a comunidade como o caminho mais indicado para a escola. "Mesmo no terreno da Educação democrática, a vanguarda está em países como Israel, onde há