Sociologia brasileira
A preocupação fundamental de Francisco de Oliveira, ao denominar o desenvolvimento econômico brasileiro como um ornitorrinco, é traduzir o novo modo de ser do capitalismo na periferia. Assim aponta características peculiares que tecem a estrutura econômica e política de um Brasil imbuído de contradições. O ornitorrinco é um bicho exótico, não há outro equivalente: é um mamífero que bota ovo, um intermediário primitivo entre o mamífero e a ave na escala da evolução, um animal que parece não ter forma alguma. Desse modo, o ornitorrinco é a metáfora empregada por Francisco de Oliveira para interpretar o Brasil atual, um país também que não é isso, nem aquilo, não vai para frente nem para trás na escala do desenvolvimento, perde-se entre a riqueza e a miséria na contradição de ser uma importante economia mundial e de estar na lista dos países mais desiguais do mundo.
Nesse sentido o Brasil, embora seja uma importante economia mundial, possui uma dependência financeira externa e uma exorbitante concentração de renda, em detrimento de uma parte da população, que expõem a agudeza da desigualdade social que possui o país. Conforme aponta Francisco de Oliveira, o Brasil consegue passar pela Segunda Revolução Industrial, com a utilização de novas fontes de energia e produtos químicos, porém não é capaz de desenvolver uma tecnologia autônoma, ou seja, não consegue produzir conhecimento, ciência e técnica independente das economias desenvolvidas, por isso segue copiando, sem alcançar sustentação para realizar uma Terceira Revolução Industrial, com o desenvolvimento de complexos industriais nacionais e novas tecnologias.
É fácil de descrever as características da sociedade, quer dizer, nós temos um dos piores índices de desigualdade do mundo, e ao mesmo tempo não somos mais um país subdesenvolvido; temos uma subordinação financeira ao sistema internacional que repercute no fato de que o