sobre a proximidade do senso comum e das pesquisas qualitativas
Introdução O artigo propõe uma discussão sobre a forma de recepção das pesquisas qualitativas na educação. Procura enfrentar as acusações da ausência de rigorosidade científica, defendendo que o problema não está propriamente na concepção de pesquisa, menos ainda numa simples decadência natural de sua história.Entende que existe uma falta de compreensão que permite a apropriação dessas pesquisas de maneira nem sempre adequada às suas exigências. Questiona, assim, o empobrecimento da sua experiência no campo educativo, compreendendo a importância do quantitativo nas abordagens em suas diferentes configurações. A título de provocação, enuncia algumas proposições com o intuito de diminuir a possibilidade de que tais pesquisas sejam avaliadas como formas prosaicas de produção do conhecimento no contexto educativo. Tendo em vista os inúmeros acontecimentos ocorridos nos últimos tempos no campo do conhecimento, entre eles a crítica à racionalidade instrumental, o perspectivismo interpretativo e o movimento da virada para a linguagem, tem-se utilizado muito na educação a abordagem das pesquisas qualitativas. Trata-se de um modo de investigação surgido com o movimento de rejeição ao modelo positivista de produção do conhecimento, que se estende desde a fenomenologia, passando pela hermenêutica, à dialética em seus diferentes desdobramentos, tendo como objetivo principal apreender os fatores não considerados pelas pesquisas de ordem hipotético-dedutivas. Podemos dizer que as pesquisas qualitativas surgem com a certificação dos limites das pesquisas quantitativas, especialmente no que se refere às ciências sociais e humanas. Não há dúvida de que elas trouxeram muitos benefícios para a educação, pois foi por seu intermédio que passamos a considerar elementos não mensurados por meios matemáticos, como a subjetividade, os valores, os contextos, os sentimentos, as diferenças e as