Situação dos Negros Americanos
Desde a chegada dos pioneiros africanos, em 1619, os negros da América enfrentam uma contenda laboriosa em busca de direitos iguais, passando pela escravidão e pela segregação
Mercado de escravos na capital: Lincoln via o comércio de negros de seu gabinete no Capitólio enquanto ainda era congressista
Agora sem uma de suas figuras mais atuantes, o movimento negro nos Estados Unidos seguirá sua dolorosa cruzada para estreitar a fenda racial que se abriu paulatinamente ao longo de mais de 300 anos de História, desde que os primeiros africanos chegaram aos Estados Unidos, em 1619. O Ato dos Direitos Civis, aprovado em 1964, atendeu a muitas das reivindicações das minorias americanas. É evidente, porém, que mais de três séculos de discriminação não poderiam ser reparados por um único documento. Por isso, os esforços pela alteração não apenas das leis, como também da mentalidade e da cultura da América, precisarão ser mantidos por uma nova geração de líderes, de maneira que oportunidades iguais se apresentem tanto a negros como a brancos.
Brancos na frente, negros no fundo: ônibus segregado em Atlanta, em abril de 1956
Em 1619, os pioneiros africanos desembarcaram na Virgínia como servos por contrato - status semelhante ao dos trabalhadores ingleses, que também empenharam anos de trabalho para cobrir os custos da passagem à América. Pouco tempo depois, entretanto, a escravidão, ainda que não regulamentada, já se verificava em muitos estados do país. A cultura do tabaco no Sul dos EUA se alimentou do tráfico negreiro para compor sua mão-de-obra por décadas a fio; como resultado, o censo americano de 1860 registrava uma população de 4 milhões de escravos nos quinze estados em que a escravidão era legal. Nesses estados, a população total era de 12 milhões de pessoas. Cerca de 500.000 negros viviam livres no país naquele tempo.
As vozes abolicionistas, que timidamente