Sinthoma
A leitura psicanalítica de um corpo que fala, mesmo em silêncio, que goza nesse estado, traz uma outra forma de ver a saúde mental, não pela via comum, mas pela profundeza que há no campo do grande Outro, é esse acontecimento de gozo, sempre barrado, que se torna impossível operar numa clínica qualquer, mas é na Clínica analítica que é possível , pois para saber fazer com esse gozo é preciso tempo, tempo de análise. Em expressão de Lacan, ele é ser falante por natureza, esse corpo que não fala, mas serve para falar, esse corpo como meio da palavra, é justamente o que se emparelha a rigor, com a saúde mental que não existe. Se a saúde mental não existe, é porque o corpo gozante, a carne, exclui o mental ao mesmo tempo em que o condiciona, o enlouquece, o extravia. O analista como condição do sinthoma, se faz parceiro do sujeito, para sustentar a crença no sintoma e na particularidade do gozo.
O mundo moderno situa a ciência e exclui a marca de “Deus”, estabelece a sua morte. Dessa forma, questiona a autoridade do pai que é o poder da razão. Dessa forma a autoridade simbólica do pai é questionada e incitada em ativismos e leituras de sintomas superficiais. Com isso a ciência promove a desautorização das figuras sustentadas na tradição. O declínio do poder de Deus atinge seu representante terreno: o pai de família. Isto traz um mundo moral que perde força a cada dia. A psicanálise surge nesse momento em que a contestação ao pai e à moral criam conflitos e fazem sintomas. É nesse lugar que a psicanálise entra no mundo para autorizar o desejo, essa força que faz falar, que faz calar, mas sempre mostra e se mostra na clínica psicanalítica – a única possível quando se nota que a saúde mental, de fato não existe, pois é barrada pelo sinthoma, mas ela pode ser buscada em clínica que somente o tempo dará uma resposta que estabilizará o sujeito que move o ser.
Mas sabemos que o sinthoma é