Sexualidade
O artigo discute sobre a sexualidade na educação infantil, que ainda hoje é uma polêmica, e que é vista como algo que não se pode ser falado e visto pelas crianças, um assunto proibido para os pequenos, que são tratados como seres sem sexo, privados de conhecer o próprio corpo, que também é tratado como oculto.
A autora cita o escritor Michel Foucault, que em um dos seus livros explica como a sexualidade foi se desenvolvendo ao longo dos séculos. A partir da era vitoriana, a sexualidade vira tabu: assunto proibido, cheio de mistérios, circunscrito às quatro paredes do quarto. Tudo se restringe à figura do casal, responsável pela procriação. Essa repressão moderna do sexo se sustenta no fato de coincidir justamente com a época de desenvolvimento pleno do capitalismo. Assim, uma coisa justifica a outra: o trabalho sobrepõe o prazer, aprisionando-o ao fator da procriação. Ou seja o homem teria que guardar sua energia somente para o trabalho, o sexo seria somente objeto de procriação e não de prazer. Ao mesmo tempo, como o sexo se torna tabu, a pessoa que fala abertamente dele ganha um status de transgressão deliberada. Existe uma relação intensa entre poder e sexo. Conforme as décadas foram avançando, vê-se uma explosão discursiva acerca da sexualidade. A cada ano, aumenta o número de pessoas falando sobre o assunto de forma aberta e tratando o ato sexual de maneira mais liberada. Aos poucos, foi-se definindo quando, como e com quem se podia falar dele.
O texto aborda até a forma como a arquitetura das escolas promovem o contínuo debate acerca do sexo, ao contrário do que se pensa. A forma como estão alojados, a forma de separação entre meninos e meninas, o espaço da sala, tudo envolve a tensão inicial entre os diferentes gêneros que, em última instância, desembocam na sexualidade. As concepções que são atribuídas às meninas e aos meninos são diferentes, assim são desenvolvidas identidades diferentes