Senhora
O romance “Senhora” de José de Alencar foi publicado pela primeira vez em 1875 e é organizado em quatro partes que definem uma transação comercial, simbolizando metaforicamente o casamento por interesse, a saber: O preço; Quitação; Posse; Resgate.
Este é um romance basicamente romântico caracterizado pelo nacionalismo e pela temática brasileira, perceptíveis pela narrativa situada na Corte, atual cidade do Rio de Janeiro, durante o Segundo Reinado, assim, devido a essas menções a obra é denominada, por alguns teóricos, como romance urbano. Entretanto, por abordar a sociedade como vilã, juntamente com seus hábitos doentios, costumes imorais e norteada pelo dinheiro, “Senhora” pode também ser considerado um romance de costumes.
Oscar Mendes afirma que “como no período romântico não se compreendesse um romance que não tivesse uma intriga amorosa, todos os romances urbanos de Alencar são romances de amor, do amor, como entendia a mentalidade romântica da época, um amor, sublimado, idealizado, capaz de renúncias, de sacrifícios, de heroísmos e até de crimes, mas redimindo-se pela própria força acrisoladora de sua intensidade e de sua paixão.”
Narrado em terceira-pessoa por um narrador-observador, o romance é rico em detalhes externos e internos das personagens e do meio que as cercam, assim devido à preocupação com as características psicológicas das personagens, junto com a descrição da realidade esse romance possui certas características realistas, aglutinando o romanesco e o real. A protagonista de “Senhora”, Aurélia Camargo, é idealizada pelo autor como um anjo, uma rainha, assim como uma heroína aos moldes românticos. Porém, ao mesmo tempo em que é anjo é “ninfa das chamas”, “lasciva salamandra”.
Na obra analisada, o tempo, baseado no século XIX, é cronológico, porém não há uma linearidade na obra, pois a primeira parte do romance, O preço, narra fatos atuais, enquanto a segunda, Quitação, conta o passado de Aurélia, depois seguem as