Senhora
Alencar demonstra no decorrer do livro práticas comuns à sociedade de “alta classe” como a importação da moda europeia, a importação francesa da lua de mel e os jogos por dinheiro (apostas) que se tornou um dos motivos que levaram Seixas ao casamento por interesse.
Em várias oportunidades o autor ressalta os detalhes de luxo e riqueza do cotidiano de Aurélia e o seu valor monetário como pessoa. Em citações como até seu sorriso é “argentino” (claro e prateado), em suas roupas há “rutilações” (brilhos) da seda, percebemos a importância do dinheiro para a época. Observe que até mesmo seu nome remete a “áurea”, ou seja, ouro.
A ironia “Alencariana” à sociedade fluminense torna-se a cada página mais clara, remetendo os personagens a uma reflexão moral que não é própria da essência do Romantismo, tornando-se um ponto de aproximação com tendências do Realismo.
Entretanto, nem só de críticas sociais, “vive o livro”, temos no casal principal mesmo que "conturbadamente", o “amor romântico” que se inicia por “olhares através das janelas”, sofrendo com interferências do acaso, contudo, ao final, o destino se encarrega de “dar um jeito” para que Seixas e Aurélia se reconciliem, compartilhando de um amor eterno.
Logo, o leitor dentro de uma perspectiva emocional acaba por se inserir na trama, suspirando, imaginando, quase que vivenciando as cenas, como em uma peça teatral, que acredito ser a intenção do autor já que a narrativa termina à maneira do teatro, “as cortinas cerram-se”, assim, os leitores tornam-se a plateia e os cúmplices do drama conjugal vivenciado por Aurélia e Fernando.
Percebemos que