seminario
Keith Thomas, Ed. Companhia das Letras
por Juliana Schober Lima
O livro O Homem e o Mundo Natural trata das atitudes dos homens para com os animais e a natureza durante os séculos XVI, XVII e XVIII. O autor expõe os pressupostos que fundamentaram as percepções, raciocínios e sentimentos dos ingleses no início da época moderna frente aos animais, plantas e paisagem física, chamando a atenção para um ponto fundamental da história humana: o predomínio do homem sobre o mundo natural.
Keith Thomas é um historiador inglês, considerado um dos mais eminentes e inovadores do Reino Unido de hoje. O homem e o mundo natural foi um dos livros que colocou o autor em uma posição de liderança na chamada "antropologia histórica". Na última década, ele recebeu duas grandes homenagens da sociedade britânica: foi nomeado presidente da centenária Academia Britânica e recebeu o título de Sir, conferido pela rainha Elizabeth por "serviços prestados à história".
O livro é dividido em seis capítulos muito bem escritos, que absorvem o leitor enquanto este é conduzido aos primórdios da preocupação ecológica. O livro inicia abordando a visão antropocêntrica do mundo animal. O boi e o cavalo haviam sido criados para "labutar a nosso serviço", o cão, para "demonstrar lealdade afetuosa", as galinhas, para exibir "perfeita satisfação em um estado de parcial confinamento", o piolho "fornecia poderoso incentivo aos hábitos de higiene". As plantas eram estudadas em função de seus usos humanos. Os animais eram classificados pelos zoólogos, no início da época moderna, conforme sua estrutura anatômica, habitat e modo de reprodução. No entanto, também era considerados a sua utilidade para o homem, bem como o valor alimentício, medicinal e de símbolos morais.
Era fundamental que existisse uma linha divisória nítida entre homens e animais, pois no início do período moderno esta divisão serviria de justificativa para a caça, domesticação, hábito de comer carne,