Segundo Schleiermacher, o objetivo da interpretação de um texto não é, somente, a compreensão da subjetividade e ideias do autor mas sim, a reconstrução do pensamento do mesmo na sua forma mais original de modo a captar a sua intenção inconsciente, quebrando as barreiras que separam o objeto do leitor de modo a conseguir compreender o autor "melhor do que o próprio autor se compreendeu a si mesmo" (SCHLEIERMACHER, 1809-1810) Na medida em que a produção literária é um impulso inconsciente e o ato interpretativo é um processo de análise inteiramente consciente, o leitor tem a vantagem de, através da intuição e das ferramentas de linguagem que possui, poder aceder á vida anímica do autor. Sendo que a compreensão traduz-se no núcleo central da hermenêutica, o objetivo fundamental do leitor é, através de uma interpretação objetiva, fazendo uso das regras gramaticais e, seguidamente, de uma interpretação psicológica, conseguir captar a génese do espirito do autor de modo a fundir o génio do mesmo com o do leitor. Neste sentido, a tarefa hermenêutica torna-se um ato intuitivo na medida em que deixa de se dar importância, apenas, à literalidade das palavras com o propósito de conseguir compreender a individualidade do emissor do discurso. Na minha opinião, embora através da interpretação de um texto possamos reconstruir o pensamento do autor, quiçá ir para além do pensamento do mesmo, transformando o ato interpretativo num ato de criação, não é possível compreender o autor melhor do que ele próprio se compreende. No meu ponto de vista, por mais intemporal que uma obra se revele, ela pertence a um tempo e espaço especifico, sendo inteligível a sua total compreensão, uma vez que existe sempre um desfasamento entre o momento em que o texto foi escrito e o momento da leitura. Outra critica à teoria de Schleiermacher é o facto de que, o escritor no processo de produção literária nunca consegue transmitir os seus pensamentos e emoções na sua forma mais pura visto que,