Friedrich schleiermacher
Por Adair Adams
O mote deste breve escrito é compreender uma interpretação contemporânea do projeto hermenêutico de Schleiermacher. Dentre as diversas recepções, delimitar-nos-emos ao filosofo francês Paul Ricoeur, que tem uma obra de grande expressão e profundidade no pensamento filosófico atual. Ricoeur, enquanto hermeneuta tem seu pensamento centrado na questão do símbolo, do texto, da ação, na narração, na metáfora. Os pressupostos da interpretação ricoeuriana de Schleiermacher são a conceituação da hermenêutica do símbolo e do texto. Ricoeur concluía sua obra A Simbólica do Mal, obra pela qual principia como filósofo da interpretação, afirmando que “o símbolo dá o que pensar”. O símbolo convoca ao pensamento pela sua estrutura de significação, em que um sentido primário, literal, designa por acréscimo de sentido, numa relação analógica intencional, um sentido indireto, secundário, originário ontológico, que apenas pode ser apreendido pelo primeiro. Partindo desta definição, o conceito de interpretação está imbricado com o de símbolo: “a interpretação é o trabalho de pensamento que consiste em decifrar o sentido escondido no sentido aparente, em desdobrar os níveis de significação implicados na significação literal” . Assim, o conceito de interpretação e o conceito de símbolo são correlativos, ou seja, existe interpretação onde há estrutura simbólica, e esta, por sua vez, é compreendida na e pela interpretação. Na questão hermenêutica orientada pela questão do texto, a problemática se situa na dialética do evento e significação na ordem do discurso, e da dialética entre explicar e compreender inerente à escrita enquanto obra. Para Ricoeur todo e qualquer texto deixa compreender um mundo possível, que é o conjunto das referências abertas pelo texto, e de modos possíveis de ser, de habitar, como pro-jecto de ser no mundo. A interpretação recebe um novo sentido: “... interpretar é explicitar o tipo de