A Teologia Liberal E A Modernidade
A Teologia Liberal e a Modernidade
Carlos Jeremias Klein1
INTRODUÇÃO
A corrente liberal marcou predominantemente a teologia protestante do século XIX2. Seus precursores e inspiradores mais próximos podem ser encontrados principalmente no deísmo inglês de fins do século XVII e do século XVIII, em deístas do Iluminismo na
França, como Voltaire e Jean-Jacques Rousseau, em Kant, em filósofos e teólogos do Romantismo3 e do Idealismo alemão, além de em determinadas correntes teológicas de fins do século XVIII e inícios do século XIX. Com os românticos e idealistas o pêndulo do pensamento teológico deslocará do deísmo para o pólo do imanentismo ou semipanteísmo. Alguns consideram Friedrich Schleiermacher como um dos inspiradores da teologia liberal, corrente típica da modernidade.
No deísmo inglês destacam-se John Toland, que publicou, em
1696, Christianity not Mysterious (“Cristianismo não misterioso” ou
“Cristianismo sem mistério”), no qual destacava os aspectos racionais da religião cristã em detrimento dos considerados “misteriosos” como os sacramentos, e Matheus Tindal, autor de Christianity as Old as the
Creation (“O cristianismo tão velho como a criação”), de 1730. Pela tese proposta por Tindal, o cristianismo nada mais era que uma edição da religião natural, cujo conteúdo consiste na “proclamação da vida pura e moral, que promove a glória de Deus e a felicidade do homem”.4
1
Pastor da IPI do Brasil, Doutorando em Ciências da Religião e Professor na UniFil e STAGS.
O “Século XIX”, conforme sugestão de Claude Welch, no contexto teólogo estende-se até o começo da
Primeira Guerra Mundial, em 1914 (Protestant Thought in the Nineteenth Century,p. 2).
3
Reconhecendo, embora, a complexidade do movimento romântico, é possível afirmar que se trata de um movimento que envolveu literatura, filosofia e artes, na Alemanha em fins do século XVIII e inícios do XIX, estendendo-se a outros países como França, Itália, Espanha e Inglaterra. Na Alemanha