Schleiermacher
Por Adair Adams
Na seqüência das grandes obras da hermenêutica, Paul Ricoeur, nos brindou atualmente com uma das obras de profícua contribuição para esta corrente de pensamento filosófico. A teoria hermenêutica ricoeuriana é constituída primordialmente sobre a questão do símbolo, tendo como epígrafe central: “O símbolo da o que pensar”1. Os símbolos tem um caráter de equivocidade, são enquanto tais, na e pela própria hermenêutica, são compreendidos na semântica como polissêmicos. Ricoeur tem como objetivo recolocar a filosofia da interpretação frente aos diversos métodos atualmente existentes. Parte do primado da linguagem, realizando um “enxerto do problema hermenêutica no método fenomenológico”2, mais propriamente heideggeriano: discutindo com os diferentes métodos de interpretação, procura resgatar a questão do sentido. No seu entender, é a partir do símbolo que se chega ao sentido, pois ele é doador de sentido, mantendo uma ligação intrínseca com a existência, exigindo assim um momento de desmistificação das falsas ideologias. O símbolo é propriamente o tema gerador do primeiro sentido da hermenêutica de Paul Ricoeur, que tem desenvolvimentos posteriores como hermenêutica do texto e da ação. Sua contribuição filosófica situa-se no essencial no campo da hermenêutica. O objetivo aqui não é elucidar o seu projeto em si, mas a leitura que faz da história da hermenêutica, mais especificamente de F. D. E. Schleiermacher, exposta na obra Do Texto à Acção3. Certamente a sua obra, de Ricoeur, não foi uma construção intuitiva. Tem como base questões que historicamente ficaram não-resolvidas no seu entender, e que para nós é a justificativa de compreender o modo como volta-se para um dos clássicos da hermenêutica. Schleiermacher, precursor da hermenêutica moderna, designação do próprio Ricoeur, não poderia passar em branco nos estudos