Rotinização e trabalho docente
Resumo: O texto desenvolve algumas considerações acerca da rotina do trabalho docente tendo em vista a sua importância na delimitação do trabalho do professor desde a sua definição pedagógica até a sua configuração como um processo interativo, que se realiza com outro ser humano. Para isto, em um primeiro momento, destaca como os acontecimentos cotidianos da prática docente se encontram organizados em suas expressões de tempo e de ritmo e em um segundo momento, verificando a rotina como uma condicionante social, imposta, de forma aparentemente natural, de fora para dentro da sala de aula, independente de qualquer interferência ou vontade do professor.
A análise tem por finalidade central fazer algumas considerações acerca da rotinização do trabalho docente, que, a nosso ver, se constitui em tema pouco visitado pela reflexão acadêmica, mas de profundas conseqüências para a configuração da prática do professor.
Raramente vimos à rotina do trabalho docente sendo refletida e discutida na academia como um tema complexo, repleto de ambigüidades. A impressão é a de que a indiferença pela sua discussão tem origem em pontos de vista já bastante consolidados, quando não, em visões reducionistas que desprezam qualquer influência sua na pratica educativa e, sobretudo na formação ou na corrosão do caráter dos professores.
Para começar é preciso deixar claro que nenhuma das duas formas de ver a rotinização do trabalho docente, abre qualquer espaço para a discussão sobre eventuais virtudes que possam ser proclamadas ou negatividades que possam ser denunciadas. Por isso é preciso levar a sua discussão para um ponto que vá além de uma visão espontaneísta ou, meramente, simplista. A dupla dimensão da rotinização do trabalho docente
O primeiro pressuposto para se analisar a rotina do trabalho docente é vê-la como território de duas naturezas distintas e complementares. Uma derivada de condições