Revista USP
JOSÉ JORGE DE
CARVALHO
é professor do Departamento de
Antropologia da UnB.
Walt Disney em foto-montagem de Steven Brower
1 Citado em Osvaldo Bayer,
Rebeldía y Esperanza, p. 405.
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“É preciso discutir como norma de vida a Ética da Insubordinação contra a falsa moral da obediência” (Axel von dem Bussche, sobrevivente do atentado a Hitler de 1944, aos
82 anos, em 1992) (1).
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rialismo cultural hoje: uma questão silenciada J O S É J O R G E
D E C A R V A L H O
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Grande parte do material utilizado para a elaboração destas reflexões foi coletada durante o estágio de pós-doutorado de dois anos que passei nos Estados Unidos, com o auxílio de uma bolsa do CNPq, instituição a que agradeço. Sou grato também a
Vladimir Carvalho, William Magalhães, Bergson Queiroz, Jorge
Vinhas, Romário Schettino, Luc
Verheyen, Edino Krigger, Cecília
Londres, Sergio Rizek e Rita
Segato, pelo envio de materiais, informações sobre leis e políticas estatais, e pelas inúmeras sugestões de idéias e argumentos.
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I. IMPERIALISMO
ONTEM E HOJE
H
minação típicas do capitalismo contemporâneo, que gera níveis de desigualdades provavelmente jamais vistos na história da humanidade. Sobre os nossos problemas específicos com os Estados Unidos, esses autores (e não só eles, claro) nada têm a dizer. É como se essas questões não existissem. Tomando o cinema e a música como termômetros da situação cultural presente, a maioria esmagadora dos filmes que circulam no nosso país é de produção norteamericana – em geral enlatados, produções de baixa qualidade, isentos de qualquer proposta estética, experimental ou clássica e que, por caminhos que a maioria de nós desconhece, enchem as telas das nossas TVs e dos nossos cinemas. Algo tão natural quanto o sol e a chuva. Nada que se possa