Resumo sobre o texto "“Doutor Advogado e Doutor Médico: até quando?”
Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma com lidam com o mundo. Talvez usamos determinadas classes gramaticais que revela muitas de nossas intenções e sentimentos que gostaríamos. Em meu uso pessoal da língua, esforço-me jamais usar a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou advogado.
Historicamente, o “doutor” se estranhou na sociedade brasileira com uma forma de tratar os superiores na hierarquia socioeconômica, e também como expressão de racismo, ou até mesmo como uma forma de os mais pobres tratarem os mais ricos.
Se o “doutor” genérico, usado para tratar os mais ricos, está perdendo força, o “doutor” que anuncia médicos e advogados parece se manter tão vigoroso e atual quanto sempre. Por quê? A resposta pode ser encontrada na enorme desigualdade que persiste até hoje; e na forma como essas relações desiguais moldam a vida cotidiana.
O doutor médico e o doutor advogado têm algo significativo: a autoridade sobre os corpos. Um pela lei, e outro pela medicina, eles normatizam a vida de todos os outros. Infelizmente, a maioria dos “doutores” estimulam e até exigem o título no dia a dia.
É importante também reconhecer que há uma pequena parcela de destes, que tem se esforçado para eliminar essa distorção. Sabem que essa mudança tem grande força simbólica na luta por um país mais igualitário e pela ampliação da cidadania e dos direitos. A estes, meu respeito.
Resta ainda o “doutor” como título acadêmico; no Brasil isso significa entre o mestrado e o doutorado. Em geral o título só é citado nas comunicações por escrito no âmbito acadêmico e nos órgãos de funcionamento de pesquisas, no currículo e na publicação de artigos. Não são esses, com certeza, os doutores que alimentam também na expressão simbólica a abissal desigualdade da sociedade brasileira.
Nesta coluna, faço apenas uma provocação para que, pelo menos, comecemos a