O Jogo de erotismo e poder em contos de Dalton Trevisan
Jociléia Alves Gomes 1
Mariana Sbaraini Cordeiro 2
Resumo
Neste artigo discutir-se-á a respeito de um tema polêmico e que ainda há muito a se dizer sobre na academia
– o erotismo - visto que foi durante um considerável período reprimido, sendo suas representações consideradas obscenas. Seu processo de liberação iniciou-se no século XX, verificando-se sua presença constante em textos pós-modernos, inclusive na escrita de Dalton Trevisan. Portanto, este estudo procura analisar alguns contos desse escritor paranaense, identificando temas provenientes de uma literatura reprimida, como o erotismo, a sexualidade e suas relações de poder.
Palavras-chave: Dalton Trevisan; erotismo; poder..
“O que não me contam, eu escuto atrás das portas.
O que não sei, adivinho e, com sorte, você adivinha sempre o que, cedo ou tarde, acaba acontecendo”.
(Dalton Trevisan)
A década de 1960 foi um fervilhar de ideias em todo o mundo marcada por grandes revoluções que marcaram a década do pensamento e das conquistas. Mas foi também a década de insurreições políticas. O Brasil foi especialmente marcado pela tomada do poder pelos militares no início de tal decênio, o que refletirá nas décadas seguintes muito do que aconteceu naquele período.
A produção artística, especialmente
“afetada” pelas atrocidades da ditadura militar, transparece nervosa e compulsivamente no cenário brasileiro. Movimento marcado pelo autoritarismo, dita muito bem como o poder ordena as novas formas de se relacionar do sujeito.
Ronaldo Lins em Literatura e violência afirma que
“[...] sempre que há uma importante revolução social, identificou no sexo um inimigo da ordem
[...]” (1990, p.57). Esse inimigo da ordem aparecerá de forma emblemática na literatura brasileira com explosões de sexualidade que refletem uma produção artística que parecia tão austera e rígida apresentara temas e características