Resumo do Geopolítica, identidade e globalização
FONT, Joan Nogué; RUFI, Joan Vicente.
Geopolítica, identidade e globalização.
São Paulo: Annablume, 2006.
Resumo do capítulo 2 - “A tradição disciplinar: um século de geografia política e de geopolítica”
Os antecessores: entre a física e a metafísica
Anne Robert Jacques Turgot esboçou o esquema do que deveria ser a relação entre “a geografia física, a distribuição dos povos em uma perspectiva histórica e a formação de Estados, da riqueza dos diferentes espaços e o comércio, das comunicações e seus efeitos nas conquistas.” O texto expressava a necessidade de pensar na aplicação efetiva dos estudos, nos aspectos da orientação das políticas interna e externa dos Estados. Foi necessária a “geografia positiva”, que questionava os povos, sua cultura e o clima da região, e que se precisava avaliar as causas morais antes de sentir-se no direito de assegurar a influência física dos climas.
Turgot contraria a ideia de determinismo ambiental em 1750, que já havia sido descrita e apoiada por Aristóteles em 384 a.C., ao encontrar na geografia física uma base que justificava o nível de organização social e política da sociedade. O filósofo grego foi ainda apoiado por autores como Heródoto, Estrabão e Ptolomeu, todos relacionando clima e filosofia na dominação de um território. Ibn Jaldún, um dos outros autores que o apoiam, opina geopoliticamente de que “o meio em que vivem os grupos humanos decide sua força espiritual, a faculdade que têm – ou não – em combater por um império e, mais ainda, de conservá-lo”.
Assim como Jaldún, o teórico Jean Bodin apresenta algumas áreas geográficas que por seu clima gerariam sociedades de fisiologia e características diferenciadas, além de estabelecer uma relação entre a geografia física e a possibilidade de defesa e de expansão das sociedades. Não diferente do francês está Montesquieu, que relaciona o meio e a sociedade com o governo: as sociedades atuariam em resposta ao meio (clima e solo) e suas