A geopolítica na virada do milênio
O rompimento da divisão do espaço e do poder mundiais em dois blocos, e a distensão daí decorrente, trouxeram à luz as diferenciações espaciais, significando a recuperação do político e da cultura expressos em conflitos pela definição de territórios. embora o contexto histórico seja ainda de transição e instabilidade, algumas tendências estão se definindo. É possível reconhecer que os elementos constitutivos dessas mudanças são a revolução científico-tecnológica, que transforma a base tecnoprodutiva de economia, gerando mudanças na organização da produção e do trabalho – e a crise ambiental, que impõe novos padrões de relações com a natureza e com seus recursos.
Se necessário for definir um paradigma para a geopolítica desde que se constituiu como disciplina certamente este seria o de realismo, o campo das relações internacionais. Realismo que pressupõe o Estado como unidade política básica do sistema internacional, cujo atributo principal é o poder. Centrar o foco no Estado-Nação é tratá-lo como unidade exclusiva de poder e assumir que os conflitos se dão apenas entre Estados. Por sua vez, atribuir o poder à configuração das terras e mares e ao contexto dos territórios, é seguir o principio do determinismo geográfico e omitir a responsabilidade humana na tomada de decisão política dos Estados que, na verdade, moldam a geografia dos territórios e do planeta. O discurso da geopolítica é justamente o oposto – é o espaço que se atribui o poder particularmente ao meio físico. O desejo de inodificar o mapa político mundial para controle de recursos e posições segundo a geografia concreta dos lugares se manifesta desde a antiguidade, gerando a tradição do “direito natural”, isto é, a interpretação de certas condições naturais vantajosas como inerentes á ordem da natureza e esta, como constituído a prefiguração da ordem política.
O mundo conhecido se ampliou lentamente e se forjou