Na historiografia sócio-econômica há pelo menos três grandes vertentes que devem ser examinadas, segundo Dobb, quando se pretende obter uma compreensão efetiva do capitalismo como categoria histórica. A primeira é a proposta pelo economista alemão Werner Sombart (1863-1941), que partindo de uma concepção idealista considera que o capitalismo, como forma econômica, é criação do espírito capitalista, o qual por sua vez constitui uma síntese do espírito empreendedor e racional. A pergunta precedente, sobre a gênese do próprio espírito capitalista, não obteve, porém, uma resposta concluente, abrindo um debate de certa forma estéril, uma vez que apoiado na tese, sem sustentação histórica, de que o protestantismo havia produzido o espírito capitalista. A segunda vertente descende historicamente da Escola Histórica alemã, também chamada Escola Clássica alemã, e acentua o caráter de sistema comercial do capitalismo, situando-o como forma de organização da produção que se move entre o mercado e o lucro. Na verdade, esta não se separa da dimensão histórica, mas nessa vertente, que se detém primordialmente no caráter comercial do sistema capitalista, em sua condição de produção para o mercado, a história acaba por ficar relegada a um plano secundário e distante. Segundo Bucher, o critério essencial para identificar o capitalismo é a relação existente entre produção e consumo de bens ou, para ser mais exato, a extensão da rota percorrida pelos bens, ao passarem do produtor ao consumidor. A terceira vertente fundada sob o pensamento de Karl Marx amplia de modo considerável a questão, pois parte de novos pressupostos. A partir dos significados que lhe são atribuídos, inicialmente por Marx, e que configuram os fundamentos dessa terceira vertente, o capital é uma relação social e o capitalismo um determinado modo de produção, marcado não apenas pela troca monetária, mas essencialmente pela dominação do processo de produção pelo capital. O elemento crucial de tal concepção não é,