resumo ciro flamarion
No inicio da década de 1960 afirmava-se que a base fundamental da economia brasileira do século XVI ao XIX estava ligada ao conjunto: escravidão negra, latifúndio, e monocultura. Essa economia produtora de artigos tropicais e posteriormente de metais preciosos, caracterizava o Brasil e o apresentava como área subsidiária da Europa no comércio mundial. Dessa maneira se dá uma visão reducionista a respeito da diversidade de produção naquele período na economia colonial, onde pode ser observado se não uma negação, mas uma mínima abordagem de outras relações de produção. Tinha-se uma historiografia que refletia os interesses dos grupos dominantes coloniais e posteriormente imperiais que não explorava a considerável complexidade econômico-social-brasileira. Estavam baseados numa perspectiva simplificadora que já foi chamada de “obseção plantacionista”.
Flamarion aponta que o que se falava a respeito do período colonial girava em torno da classificação social de possuir ou não terras e escravos. Dessa maneira formava-se o único setor verdadeiramente estruturado daquela sociedade em que a colônia era definida, em senhores escravistas e escravos. Os brancos pobres e outras categorias eram negligenciadas numa historiografia que, na época, se explica pela concepção da colônia como um mero complemento da Europa na fase de expansão mercantil criadora dos primórdios de um mercado capitalistas e também pela pesquisa insuficiente baseada em fontes limitadas.
Nas ultimas décadas a profissionalização de historiadores e as inovações nas utilizações de fontes de pesquisa permitiu uma maior percepção desse contexto colonial. Aponta-se que algumas pesquisas clarearam a respeito da concepção da sociedade colonial antes percebida dentro dessa dicotomia estrutural de senhores e escravos, mostrando que a proporção era grande, dos donos de grandes planteis de escravos (salvo as características regionais), se comparado aos donos de poucos escravos, afastando