Resenha: "É isto um homem?", Primo Levi
O campo não é mostrado como não como um local repleto de barbaridades, mas como uma experiência que desnuda os aspectos mais profundos da psique humana.
“Fechem-se entre cercas de arame farpado milhares de indivíduos, diferentes quanto à idade, condição, origem, língua, cultura e hábitos, e ali submetam-nos a uma rotina constante, controlada, idêntica para todos e aquém de todas as necessidades; nenhum pesquisador poderia estabelecer um sistema mais rígido para verificar o que é congênito e o que é adquirido no comportamento do animal-homem frente à luta pela vida” (p. 88)
O livro é inteiramente focado nos conflitos psicológicos pelos quais passavam os prisioneiros.
O primeiro conflito mostrado é aquele ligado às tentativas de desumanização dos prisioneiros empreendidas pelas autoridades do Campo.A desumanização era um dos principais fantasmas que rondavam os prisioneiros de Auschwitz, além da fome,do esgotamento,das doenças,e do medo de ser escolhido em um das “seleções” periódicas dos prisioneiros que seriam mortos em Birkenau,para aliviar a superlotação do campo.Ao chegarem nos campos, os prisioneiros (doravante chamados de Häftlinge) tinham suas roupas e todos os pertences levados, seus cabelos e barbas raspados, e recebiam um uniforme padrão; a partir de então passavam a levar uma vida sem nenhum tipo de individualidade onde tudo era coletivo e todos eram tratados como animais.De acordo com Levi, após todo este processo e mais algum tempo de desgaste pelo trabalho, passava a ser impossível dizer até mesmo a idade de um prisioneiro. “Tem trinta anos, porém, assim como cada um