Resenha O Queijo e os Vermes
Menocchio foi acusado de ser herege por disseminar ideias contrárias das vigentes na época (mesmo com a reforma protestante presente na Europa, a Igreja Católica ainda controlava, e muito, a religião). Ele fazia várias críticas a igreja e até mesmo a Deus e os santos, usando, principalmente, a metáfora entre e o queijo e os vermes e a criação do mundo.
“Eu disse que segundo meu pensamento e crença tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e todo aquele volume em movimento se formou uma massa, do mesmo modo como o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos. A santíssima majestade quis que aquilo fosse Deus e os anjos, e entre aqueles anjos estava Deus, ele também criado daquela mesma massa” (p. 36).
Além disso, ele tinha uma descrença em relação à crucificação de cristo, a adoração de imagens de santos, a virgem Maria e era contra o batismo. Também denunciava a riqueza da igreja e o uso do latim em seus cultos, que excluía os pobres. E as autoridades católicas não escapavam das críticas “E me parece que na nossa lei o papa, os cardeais, os padres são tão grandes e ricos, que tudo pertence à Igreja e aos padres. Eles arruínam os pobres...” (p. 41).
Ao longo dos julgamentos os inquisidores começam a questionar quem eram os companheiros de Menocchio, pois um simples moleiro não poderia ter pensado sozinho nessas ideias e teorias que ele expunha.
Então, o autor começa a analisar e compará-lo com dois grupos reformistas da época, luteranos e anabatistas. Mas mesmo que muitas de suas ideias se assemelhassem com ambas as teses, alguns testemunhos e análises mais aprofundadas sugeriram que ele não estaria ligado a nenhuma delas.
Ginzburg