Resenha vigiar e punir
A obra foi publicada no ano de 1975, tornando logo no início, marcante ao abordar o processo de evolução histórica do direito penal e do direito de punir estatal com seus meios coercitivos e punitivos adotados na repressão dos atos delituosos, desde as sanções que se utilizavam da violência extrema até os modelos modernos de punição.
A obra é dividida em quatro partes; o suplício, a punição, a disciplina e a prisão. No capítulo I o autor já estabelece algumas regras que seu estudo irá seguir, como analisar a punição como uma função social complexa, adotar em relação aos castigos a perspectiva da tática politica, tentar estudar a metamorfose dos métodos punitivos a partir de uma tecnologia politica do corpo onde se poderia ler uma historia comum das relações de poder e das relações de objeto.
Michel Foucault começa sua obra relatando um exemplo de sentença comum no ano de 1957, a história de Damiens que fora condenado:
“[...] a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris aonde devia ser levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras, na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e as partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera, e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros consumidos ao fogo, reduzido a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento.”
Com esta narração o autor demostrou um exemplo de suplício, penas impostas com dura punição corporal, que visavam intimidar a sociedade, através do “espetáculo da punição física”, a não infringir as leis. O corpo e o sofrimento físico eram