resenha sentidos do amor
O mais interessante do filme é ver como a humanidade e os próprios personagens reagem a uma doença tão grave, que não tem cura e muito menos se sabe como se propaga ou surge. Aparecem várias cenas, de todo o mundo, mostrando diferentes culturas, pessoas e opiniões a respeito da epidemia, como, por exemplo, seu surgimento, alguns acham que foi o governo, outros o capitalismo, outros os extraterrestres e por aí vai, mesmo diante da tragédia mundial, muita gente faria questão de fingir que continua vivendo normalmente. Por exemplo, com a perda do olfato, depois de um período em que as pessoas deixam de ir a restaurantes, elas se adaptam enchendo a comida de sal e temperos. A comida tem que ficar mais forte, porque a sensação é de estarmos eternamente resfriados. Quando o sentido do paladar se perde, aí a comida para de dar prazer. Mas as pessoas seguem frequentando restaurantes. Mesmo sem poder sentir a comida, elas sentem o ambiente, as amizades, as celebrações, os copos brindando. É interessante a cena em que o dono do restaurante lê pra sua equipe uma crítica gastronômica. A crítica não fala mais de cheiro ou gosto, porque isso não existe mais. Porém, fala da consistência da comida, da cor, da aparência. Ou seja, a gente se adapta. E a população se divide em dois grupos: o que destrói, e o que conserta o que os outros destroem. Também tem um subtexto bem legal: parece que nossas memórias estão ligadas a cheiros. Sem lembrar olfatos, perdemos lembranças enormes das nossas histórias de vida.
Outro aspecto que chama a atenção é que, antes da perda de um dos sentidos, uma reação-padrão é a de raiva