Ensinar a língua Portuguesa no Brasil é um projeto ambicionado desde que Cabral aportou o solo brasileiro. Diz-se que a esquadra portuguesa levava entre seus tripulantes três intérpretes, mas nenhum deles conseguiu entender a fala dos índios que assistiram ao desembarque. Estabelecer contato preferecialmente ensinando-lhes como se falava português tornou-se então, o objetivo. O bom senso nos diz que não deve ter sido o padrão gramatical da época que presidiu essa tentativa, no que se diz respeito a relação dos brasileiros com o português, é o dos livros, dos dicionários e das gramáticas, mais particulamente, essas têm o status de norteadoras do ensino da língua. Assim, ainda hoje ensinar português equivale a ensinar os tópicos da teoria gramatical. Observando as regras impostas do Pcn (parâmetros curriculares nacionais) as maiores críticas do quadro de educação do ensino fundamental são: a desconsideração da realidade e dos interesses dos alunos, a excessiva escolarização das atividades de leitura e de produção de texto, o uso do texto como expediente para ensinar valores morais e como pretexto para o tratamento de aspectos gramaticais, a excessiva valorização da gramática normativa e a insistência nas regras de exceção, com o conseqüente preconceito contra as formas de oralidade e as variedades não-padrão, o ensino descontextualizado da metalinguagem, normalmente associado a exercícios mecânicos de identificação de fragmentos lingüísticos em frases soltas, a apresentação de uma teoria gramatical inconsistente uma espécie de gramática tradicional mitigada e facilitada. De acordo com o línguista François Dubet "lidamos com alunos extraordinariamente diferentes em termos de performances escolares. Somos obrigados a dar aulas a um aluno teórico, um aluno médio que não existe, tendo de certa forma o sentimento de que vamos deixar um pouco de lado os maus alunos". São apresentados alguns aspectos linguísticos que possam ampliar a