Resenha - Florestan Fernandes: O negro no mundo dos brancos
Considerações Iniciais:
A obra reúne vários escritos, publicados em períodos diferentes. É uma análise sociológica a respeito da questão racial no Brasil, vista a partir de São Paulo;
Florestan Fernandes questionava o mito da democracia racial, que vigorava na época. Até mesmo o título “O negro no mundo dos brancos”, choca-se com a idéia vigente no período de seu lançamento, que a sociedade brasileira é frutos da “união de três raças”, suplementados pelos “mestiços”. A obra constata que no Brasil é feita uma confusão entre “tolerância racial” e “democracia racial”.
Obs.: O autor diferencia em sua obra o “pardo” do “negro”. Esta diferenciação, porém é complicada, porque assim como certos “mulatos claros”, se definem como “brancos”, outros se recusam a fazê-lo e até preferem classificarem-se como “negros”, como o próprio autor afirma. No presente fichamento, faço referência a toda essa população como “afro-descendente”.
Introdução:
O tema central da obra: situação do afro-descendente na sociedade brasileira, vista a partir de São Paulo (cidade).
O autor não busca explicar na obra o presente pelo passado;
Identifica a lentidão com que o afro-descendente foi incorporado à sociedade de classes;
Intenção de ligar o fim do sistema de castas à expansão do sistema de classes.
“O que se conhecia sobre a universalização do trabalho escravo e do padrão básico de relação racial assimétrica fazia presumir que a concentração “racial” da renda, do prestígio social e do poder constituía um fenômeno generalizado. Os resultados da sondagem comprovaram a hipótese, demonstrando que a maior miscigenação e a maior visibilidade do “negro” e do “mulato”, em condições de suposta tolerância humana “ideal”, não se associam a transformações estruturais significativas na participação racial (e, portanto, na estratificação racial)”. [p.10].
O mito de democracia racial fomenta outros mitos paralelos, como a