Resenha Documentário Hiato
POR CAROLINA DE SOUZA DA CUNHA BASTOS
No documentário "Hiato", de Vladimir Seixas, o autor conta a história da "invasão" de moradores sem terra no Shopping Rio Sul, da zona sul do Rio de Janeiro, que ocorreu no ano de 2000. Essa invasão, considerada uma manifestação pacífica, causou desconforto nos vendedores e frequentadores do shopping, que não esperavam esse "tipo" de público. O que ficou claro é que, na verdade, essa tal chamada "globalização" não tem tanto um caráter global como deveria. Pode ser considerado irônico, mas as pessoas não tem a verdadeira liberdade de ir e vir, pois nossos direitos são condicionados pela nossa capacidade de TER, de possuir algo. Parece que os manifestantes (pacíficos) tinham apenas uma vontade muito clara, intrínseca em qualquer ser humano: fazer parte de um grupo. É da natureza de cada um querer se inserir na sociedade e sentir que pertence a um grupo de pessoas, sustentando uma carência biológica e social. O documentário deixa explícito a invisibilidade que a classe mais desfavorecida da nossa sociedade têm. Ninguém os leva em consideração até que são os culpados da criação de um desconforto. Eles só foram percebidos e recriminados porque conseguiram ser VISTOS, ENXERGADOS pela sociedade que antes fechava os olhos para eles. Foi só quando entraram na zona de conforto da classe média e alta, que criaram uma "descomposição", um conflito visual e social, que conseguiram ser levados em consideração (não necessariamente de uma maneira boa ou ética). Isso tudo nos leva a questionar até que ponto "somos todos iguais", até que ponto vivemos em uma sociedade com princípios democráticos, tanto na política quanto na mente dos indivíduos. O que está escrito no papel (ou na lei) de nada vale se as pessoas continuam com um preconceito enraizado e imutável. Existe uma clara exclusão social, onde essas pessoas (as que não têm) simplesmente não fazem parte do círculo social, não são bem vindas,