pensando a foto
Flusser define o homem em um dos seus textos como um ser que produz memória. (Ars Electronica, 1988). Por outro lado, existe uma expressão em português que diz: O Brasil é um país sem memória. Estas duas colocações podem ser aproximadas nesta primeira tentativa de rastrear a difusão da obra do filósofo na cena fotográfica brasileira.
O que define precisamente a colaboração e a permanência de uma obra, artística ou teórica, num determinado contexto? O número de edições disponíveis, a relação de citações ou a presença de obras em acervos públicos? Sob estes critérios toda a vasta produção de Flusser seria plenamente desconhecida no Brasil, numa primeira apreciação, considerando a diversidade e o nível da atividade no campo fotográfico brasileiro.
É necessário, no entanto, conhecer a dinâmica cultural no Brasil - no sudeste brasileiro - no campo da fotografia, em especial, para compreender o significado da expressão brasileira inicialmente mencionada. E, nesse contexto, poder reconhecer os traços efetivos da presença de Flusser. E mais ainda, poder propor meios de difusão da obra.
Flusser no Brasil
Antes de abordar nosso tópico, vamos então rememorar a produção geral de Vilém Flusser durante sua permanência no Brasil a partir de 1941.
A primeira observação é a aparente distância mantida por Flusser do panorama cultural até a segunda metade dos anos 50, período em que se dedica aos negócios familiares. Ao final desse período, o filósofo procurará se aproximar do grupo de intelectuais formado por Milton Vargas, Vicente Ferreira da Silva e Miguel Reale, passando a freqüentar o Instituto Brasileiro de Filosofia, entidade de ensino fundado por Reale em 1942. Flusser torna-se membro em