Resenha do texto "A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras"
Cultura e artes do corpo
Resenha do texto: “A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras”
O texto dá inicio ao tratar o momento de várias regiões etnográficas segundo a antropologia, citando os estudos de Robert Lowie e Claude Levi-Strauss, deixando claro que a etnografia sobre as sociedades brasileiras são muito recentes e só agora começam a amadurecer. Analisando os estudos de tribos brasileiras, começa-se a perceber a importância da corporalidade na cosmologia das mesmas: explicações para doenças, papel dos fluidos corporais no simbolismo geral da sociedade, proibições alimentares e ornamentação corporal são alguns exemplos da maneira pela qual o corpo significa e expressa culturalmente. Ao contrário da sociedade contemporânea ocidental, nas sociedades indígenas o corpo (e não o psicológico) é o cerne, no entanto, está para além de um significado reduzido a si mesmo, como podemos observar no trecho a seguir: “Mas, na verdade, este privilégio da corporalidade se dá dentro de uma preocupação mais ampla: a definição e construção da pessoa pela sociedade. A produção física de indivíduos se insere em um contexto voltado para a produção social de pessoas, isto é, membros de uma sociedade específica. O corpo, tal como nós ocidentais o definimos, não é o único objeto (e instrumento) de incidência da sociedade sobre os indivíduos: os complexos de nominação, os grupos e identidades cerimoniais, as teorias sobre a alma, associam-se na construção do ser humano tal como entendido pelos diferentes grupos tribais. Ele, o corpo, afirmado ou negado, pintado e perfurado, resguardado ou devorado, tende sempre a ocupar uma posição central na visão que as sociedades indígenas têm da natureza do ser humano. Perguntar-se, assim, sobre o lugar do corpo é iniciar uma indagação sobre as formas de construção da pessoa.” (página 13)